quarta-feira, 6 de março de 2013


Em Oftalmologia, olho vermelho é das queixas mais frequentes.
Causas mais comuns:

Conjuntivite  =  Inflamação da conjuntiva  (membrana que recobre a parte anterior branca do globo ocular  e a superfície posterior das pálpebras).  Evolui com ou sem 'ramela'.  Evolução variável, dependendo da causa  (bactéria, vírus, fungo, alergia, traumatismo, irritação).  ( v. tb. 
www.conjuntivite1.blogspot.com )

Blefarite  =  Inflamação das pálpebras, seja por bactérias, parasitas ou irritação química por poluentes ou maquiagem;  ou ainda endógena (acúmulo de sebo oxidado na saída das raízes dos cílios).  Desde que não se alastre para a córnea, não tem gravidade,  mas a forma crônica leva à madarose, isto é, perda progressiva dos cílios (pestanas), dando ao portador aspecto envelhecido e desfigurado.  Boa maneira de evitá-la é "escovar os olhos" diariamente, à hora do banho:  Molhe o rosto e as mãos.  Passe os dedos indicadores no sabonete (não passe as unhas).  Com os dedos assim ensaboados  (e os olhos fechados), massageie a região dos cílios, em movimentos horizontais de vai-e-vem, desde o nariz até a têmpora  -  sem violência, mas com insistência.  Enxágue bem  (resíduos do sabonete poderiam acrescentar blefarite química).


Uveíte  =  Inflamação da úvea  (íris, corpo ciliar, coróide).  Exige prontos cuidados, não só por si, mas também pela possível 'simpatização'  (extensão da inflamação para o outro olho).
Louis Braille sofreu acidente na infância, que lhe rendeu panoftalmite  (gravíssima uveíte global)  em um dos olhos.  Na época não se conhecia imunodepressores.  Temendo 'simpatização' para o outro olho, o médico recomendou pronta remoção cirúrgica do olho acidentado, mas o pai vetou o procedimento.
O temor do profissional se materializou, porque o outro olho 'simpatizou' com o primeiro, e ambos os olhos se tornaram total e irremediavelmente cegos.  Mas a cegueira de Braille foi construtiva para os outros cegos do mundo...

Ceratite  =  Inflamação da córnea.  Sempre grave  (pelo risco de perda da transparência, e portanto da visão).

Úlcera de córnea  =  Perda de substância corneana.  Sempre grave  (pelo risco de perda da transparência  ou mesmo perfuração do globo).
 
Glaucoma de ângulo fechado  =  Glaucoma agudo por elevação abrupta da pressão intra-ocular  (é característica a tríade:  olho vermelho + dor + pupila maior do que a do outro olho).  Sob pena de cegueira rápida e irreversível, é urgência que exige tratamento nas primeiras horas da crise.

OBS.:  Glaucoma primário crônico de ângulo aberto  (o mais comum)  não produz olho vermelho.
 

Corpo estranho  =  'Cisco' de qualquer natureza  (mineral, vegetal, animal), na córnea, conjuntiva   ou atrás das pálpebras.  Deve ser removido logo  (antes que ocasione infecção  ou necrose tecidual perfurante).  (v. tb.  www.cisco-ocular.blogspot.com )

Trauma mecânico  =  Contuso, abrasivo, cortante ou perfurante.
Gravidade variável.

Picadura de inseto  =  Palpebral  (geralmente pouco grave)  ou mesmo no próprio globo ocular.  Quando o ferrão do inseto transfixa o globo, injetando toxina no seu interior, é particulamente perigosa, pelo risco da temida panoftalmite, com evolução muito rápida, dramática, e risco iminente de perda da visão  e até do próprio órgão  (este caso extremo exige pronto tratamento heróico,  incluindo vigorosa cicloplegia  e doses corajosamente elevadas de corticóides sistêmicos).


Parasitoses  =  Às vezes confundidas com 'conjuntivite', mas não se resolvem com antibióticos.  Exemplo é o Pthirus pubis  (chato, piolho-da-púbis, carango), cujos adultos ficam firmemente abraçados aos cílios, com o 'ferrão' enterrado na pálpebra  (sugando sangue do hospedeiro),  e seus ovos também firmemente aderidos aos cílios.  Antigamente a remoção era feita com derivados do mercúrio, mas sua toxidez os contraindica.  Preferível é a remoção mecânica, sob microscópio.

Episclerite  =  Inflamação da episclera  (fino tecido que reveste a esclera, região branca do olho).

Triquíase  =  Cílios viciosos, que crescem em direção ao olho, o irritam pelo atrito.  Devem ser removidos, e, se necessário, cauteriza-se sua raiz, para que não voltem a crescer.

Hemorragia conjuntival  =  Nos traumas, tosse, espirros, vômitos ou obstipação intestinal  (intestino 'preso'),  pode ocorrer ruptura de vaso sanguíneo da conjuntiva, com extravasamento de sangue.  O vermelho é rutilante, de contornos irregulares.

Hemorragia subconjuntival  =  Esta hemorragia inspira mais cuidados do que a conjuntival, porque o sangue que se acumula entre o olho e a conjuntiva provém de ferimento a distância, fazendo suspeitar de fratura na órbita por trauma contuso.
O vermelho é maciço, escuro, de contornos definidos  (às vezes com nível líquido)

Pterígio  =  Algumas pessoas sao muito expostas a agressões ambientais  (sol, calor, vento, poeira, fumaça, vapores, luzes intensas, insuficiência lacrimal, óculos vencidos...).  A curto prazo,  tais agressões provocam irritação ocular transitória (olho vermelho reversível).  Quando,  porém,  as agressões sao assíduas e repetitivas,  a longo prazo geram no olho um estímulo para "se defender",  ou seja,  produzir um "escudo" contra as agressões.  Tal "escudo" é dito pterígio,  isto é,  uma película que cresce sobre a superfície anterior do olho.  O pterígio apresenta graus variáveis de extensão e vermelhidão,  e,  crescendo,  ameaça recobrir a pupila (buraco por onde entra a luz).  A correção é exclusivamente cirúrgica,  e,  claro,  para que o pterígio não recidive,  após a cirurgia é imprescindível evitar os mesmos fatores que estimularam sua formação.

Olho seco  =  Condição em que há deficiência na produção da lágrima que protege e lubrifica o olho.  É preciso determinar a causa, que pode ser local ou orgânica.  Também fatores ambientais podem favorecer olho seco  pela evaporação acelerada da lágrima  (estiagem, ar condicionado...).

Lagoftalmo  =  Quando a pessoa dorme com os olhos semi-abertos, evapora a lágrima que os protege, e o olho se irrita por exposição  (pode evoluir para ceratite de exposição).

Queimaduras  =  Podem ser físicas  (exposição excessiva ao sol, acidente com cigarro, solda de eletrodo...)   ou químicas  (álcool, ácidos, soda cáustica...).  Queimaduras por álcool são usualmente benignas;  por ácidos, têm gravidade variável;  por soda cáustica  (ou outros álcalis)  são quase sempre muito graves, e demandam pronto atendimento especializado (*) (**).

*  Tão dolorida quanto as substâncias mencionadas é a queimadura por algumas seivas vegetais, como, por exemplo, a da Coroa-de-Cristo.  A estória se repete:  A pessoa trabalha sob o sol, podando a planta, com resíduos de seiva nas mãos, e, transpirando pelo calor, passa a mão na testa para remover o suor.  Em seguida, mais suor se forma, e, escorrendo pelo rosto, transporta a seiva para o olho.  Dor e ardência são intensas, porque a seiva remove a camada de células protetoras da córnea, expondo seus nervos.

**  IMPORTANTE:  Nas queimaduras químicas, qualquer que seja a substância que agrediu o olho,
os danos serão tão mais graves quanto maior o tempo de contato da substância com o olho.
Assim, antes de correr para o oftalmologista, é urgente a lavagem imediata e copiosa do olho com água em abundância  ( o tempo perdido na procura por soro fisiológico daria oportunidade ao agente químico de agir em maior profundidade, ampliando os danos e piorando o prognóstico ainda mais ).
Na falta de melhor recurso, dos males, o menor :
segurar uma mangueira de jardim com jato moderado de água para cima e,
curvando-se sobre o jato,  com o olho bem aberto,  dirigi-lo sob vários ângulos
para que a água se insinue por trás das pálpebras para lavar a substância agressora.
Depois disto, procurar o oftalmologista, que identificará natureza, extensão e profundidade dos danos  (ocorridos e potenciais), e instituirá tratamento, buscando minimizá-los.
Não se deve tentar neutralizar a substância com seu antagonista, porque a reação resultante
seria exotérmica, isto é, produziria calor que agravaria  ainda mais  os danos oculares
(em ambiente hospitalar isto poderia ser aplicado condicionalmente, isto é,
 desde que o antagonista seja diluído em solução para irrigação contínua,
 porque, neste caso, o próprio fluxo líquido dissiparia o calor da reação).

Conjuntivites, blefarites e ceratites podem ser traumáticas  (físicas ou químicas)   ou infecciosas  (por bactérias, vírus ou fungos).  Uveítes podem sê-lo também, e podem ser ainda 'idiopáticas'  (de causa desconhecida, comumente endógena).


Os olhos podem tornar-se vermelhos  também  por irritação,  por alergias,  ou por ar condicionado,  ou por má postura à leitura e ao computador,  ou por lentes de contato mal conservadas (ou vencidas!),  ou por óculos vencidos (ou errados!),  ou ainda,  simplesmente,  por piscamento deficiente.  Piscar é saudável, porque distribui uniformemente a lágrima que protege o olho contra agressões externas.

Ao lado de casos 'inocentes' de olho vermelho, alguns evoluem de maneira dramática, com danos irreversíveis.  No glaucoma agudo, por exemplo, a persistência da pressão ocular muito elevada, por mais de 24 horas, pode ser suficiente para atrofiar o nervo óptico, resultando cegueira permanente.

Auto-medicação não é prudente.  Exemplo:  Glaucoma agudo  e  uveíte  exigem tratamentos bem diferentes, e o mesmo tratamento  que cura um   agrava o outro, e vice-versa, precipitando danos oculares e visuais.

Diagnóstico e tratamento de olho vermelho competem ao oftalmologista,  tão logo possível.  Até então...

...  mantenha higiene do órgão e do rosto.
...  nas lesões por traumatismo, cubra o olho afetado com gaze limpa 
     e fita adesiva, sem comprimí-lo.
...  não use medicação sem orientação médica.

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Melhor  (e menos dispendioso)  do que tratar  é prevenir.
Para jovens saudáveis, é suficiente um exame oftalmológico preventivo a cada 2 anos.
Após os 40 anos, todos os anos.
É bom critério usar a data do seu aniversário como lembrete para revisões anuais
com  dentista, oftalmologista  e ginecologista (mulheres)  ou urologista (homens).
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dr VIC JOHNSON
médico ortomolecular
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